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domingo, março 24, 2024

Óscar Romero foi assassinado há 44 anos...

        
Óscar Arnulfo Romero Galdámez, conhecido como Monsenhor Romero, (Ciudad Barrios, San Miguel, 15 de agosto de 1917 - San Salvador, 24 de março de 1980) foi um sacerdote católico salvadorenho, quarto arcebispo metropolitano de San Salvador (1977-1980).
    
 
Em 3 de fevereiro de 1977 foi nomeado Arcebispo de San Salvador. Escolhido como arcebispo pelo seu aparente conservadorismo, uma vez nomeado aderiu aos ideais da não-violência, posição que o levou a ser comparado a Mahatma Gandhi e a Martin Luther King. Por isso, Óscar Romero passou a denunciar, em suas homilias dominicais, as numerosas violações de direitos humanos em El Salvador e manifestou publicamente sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da Guerra Civil de El Salvador.
Dentro da Igreja Católica, defendia a "opção preferencial pelos pobres".
   
A morte
Na homilia de 11 de novembro de 1977, Monsenhor Romero afirmou: "a missão da Igreja é identificar-se com os pobres. Assim a Igreja encontra sua salvação."
Óscar Romero foi assassinado quando celebrava a missa, a 24 de março de 1980, por um atirador de elite do exército salvadorenho, treinado na Escola das Américas. A sua morte provocou uma onda de protestos em todo o mundo e pressões internacionais por reformas em El Salvador.
Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o dia 24 de março como o Dia Internacional pelo Direito à Verdade acerca das Graves Violações dos Direitos Humanos e à Dignidade das Vítimas, em reconhecimento pela atuação de D. Romero em defesa dos direitos humanos
  
Mártir, Beato e Santo
Em 1997 Romero foi declarado "Servo de Deus" pelo papa João Paulo II. Em fevereiro de 2015 o papa Francisco aprovou o decreto de beatificação do arcebispo salvadorenho, reconhecendo-o como mártir. A solenidade de beatificação foi realizada no dia 23 de maio de 2015 na capital salvadorenha e presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Estima-se que cerca de 300 mil pessoas estiveram presentes na cerimónia. Durante a cerimónia, Amato afirmou que a memória de Romero ainda estaria viva dando conforto aos pobres e marginalizados, e que Romero foi a luz do mundo e o sal da terra, pois seus perseguidores desapareceram e foram esquecidos, mas Romero continuaria a lançar luz sobre os pobres e marginalizados. O papa Francisco enviou uma mensagem pessoal, lida no início da cerimónia, na qual afirmou que: "Em tempos de coexistência difícil, Romero soube como guiar, defender e proteger o seu rebanho. [...] Damos graças a Deus porque concedeu ao bispo mártir a capacidade de ver e ouvir o sofrimento de seu povo. [...] Quando se entende bem e se assume até as últimas consequências, a fé em Jesus Cristo cria comunidades artífices de paz e solidariedade". Romero foi canonizado pelo papa Francisco a 14 de outubro de 2018. A Igreja Luterana também participou da cerimónia, com a presença do bispo salvadorenho Medardo Gómez.
Óscar Romero é o primeiro salvadorenho a ser elevado aos altares, o primeiro arcebispo martirizado da América, o primeiro a ser declarado mártir depois do Concílio Vaticano II, e o primeiro santo nativo da América Central. Embora também São Pedro de Betancur tenha sido canonizado na cidade de Santiago de los Caballeros, na Guatemala, pelo seu trabalho na região e portanto, também um santo centro-americano, tinha nascido em Tenerife, Espanha.
  

sábado, março 16, 2024

O rapto de Aldo Moro (pelas Brigadas Vermelhas) começou há 46 anos...

       
Ocupou por cinco vezes o cargo de primeiro-ministro da Itália. Membro ativo da Igreja Católica, foi um dos líderes mais destacados da democracia cristã na Itália.
Sequestrado em 16 de março de 1978 pelo grupo terrorista Brigadas Vermelhas, foi assassinado depois de 55 dias de cativeiro.
Há várias teorias acerca os motivos da recusa do governo italiano em negociar a libertação de Aldo Moro com os sequestradores e sobre os interesses envolvidos no seu sequestro e morte. Segundo o historiador Sergio Flamigni, as Brigadas Vermelhas foram usadas pela Gladio, rede dirigida pela NATO, de modo a justificar a manutenção da estratégia da tensão. O filósofo Antonio Negri chegou a ser preso, acusado de ser o inspirador da ação das Brigadas Vermelhas e do assassinato de Aldo Moro.
      

 

 

       
On March 16, 1978, on Via Fani, a street in Rome, a unit of the militant communist organisation known as the Red Brigades (Italian: Brigate Rosse) blocked the two-car convoy transporting Moro and kidnapped him, murdering in cold blood his five bodyguards. At the time, all of the founding members of the Red Brigades were in jail; the organisation led by Mario Moretti that kidnapped Moro, therefore, is said to be the "Second Red Brigades."
On the day of his kidnapping, Moro was on his way to a session of the House of Representatives, where a discussion was to take place regarding a vote of confidence for a new government led by Giulio Andreotti (DC) that would have, for the first time, the support of the Communist Party. It was to be the first implementation of Moro's strategic political vision as defined by the Compromesso storico (historic compromise).
In the following days, trade unions called for a general strike, while security forces made hundreds of raids in Rome, Milan, Turin and other cities searching for Moro's location. Held for two months, he was allowed to send letters to his family and politicians. The government refused to negotiate, despite demands by family, friends and Pope Paul VI. In fact, Paul VI "offered himself in exchange … for Aldo Moro …"
During the investigation of Moro's kidnapping, General Carlo Alberto Dalla Chiesa reportedly responded to a member of the security services who suggested torturing a suspected brigatista, "Italy can survive the loss of Aldo Moro. It would not survive the introduction of torture." The Red Brigades initiated a secret trial where Moro was found guilty and sentenced to death. Then they sent demands to the Italian authorities, stating that unless 16 Red Guard prisoners were released, Moro would be killed. The Italian authorities responded with a large-scale manhunt.
      

sexta-feira, março 15, 2024

Acautelai-vos com os Idos de Março - Júlio César foi assassinado há 2068 anos...

  
Caio Júlio César
(em latim: Caius ou Gaius Iulius Caesar ou IMP•C•IVLIVS•CÆSAR•DIVVS; Roma, 13 de julho, 100 a.C. – Roma, 15 de março de 44 a.C.), foi um patrício, líder militar e político romano. Desempenhou um papel crítico na transformação da República Romana no Império Romano.
As suas conquistas na Gália estenderam o domínio romano até o oceano Atlântico: um feito de consequências dramáticas na história da Europa. No fim da vida, lutou numa guerra civil com a fação conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos optimates, tornou-se ditador (no conceito romano do termo) vitalício e iniciou uma série de reformas administrativas e económicas em Roma.
O seu assassinato, nos idos de março de 44 a.C. por um grupo de senadores, travou o seu trabalho e abriu caminho a uma instabilidade política que viria a culminar no fim da República e início do Império Romano. Os feitos militares de César são conhecidos através do seu próprio punho e de relatos de autores como Suetónio e Plutarco.
     
      

segunda-feira, março 04, 2024

Os esbirros de um ditador russo tentaram assassinar Sergei Skripal há seis anos

Uma tenda forense cobre o banco onde Sergei e Yulia Skripal caíram inconscientes

   

Sergei Viktorovich Skripal (em russo: Сергей Викторович Скрипаль; Kaliningrado, 23 de junho de 1951) é um ex-oficial de inteligência militar russo que atuou como agente duplo para os serviços de inteligência britânicos durante a década de 90 e início de 2000. Em dezembro de 2004, ele foi preso pelo Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) e mais tarde foi preso, condenado por alta traição a 13 anos de prisão. Ele estabeleceu-se no Reino Unido em 2010, após uma troca de espiões do Programa Ilegais.

Em 4 de março de 2018, ele e a sua filha, Yulia, que veio de Moscovo para visitá-lo, foram envenenados com o agente nervoso Novichok, em Salisbury, Reino Unido. Até 15 de março de 2018, as vítimas permaneciam em condições críticas no Hospital Distrital de Salisbury. O envenenamento foi investigado como uma tentativa de assassinato. Pouco depois do incidente, o governo russo disse que não tinha informações sobre a nacionalidade de Sergei Skripal; a polícia britânica disse que ele era cidadão britânico. Em 14 de março, o governo britânico anunciou que expulsaria 23 diplomatas russos em resposta ao envenenamento.
  
 

O caso do envenenamento do ex-agente russo Sergei Skripal e da sua filha Yulia é uma tentativa de assassinato, através de um ataque químico, ocorrida às 16.15 horas, no dia 4 de março de 2018, na cidade de Salisbury, no condado de Wiltshire, na Inglaterra, Reino Unido.

Em 4 de março de 2018, o ex-oficial de inteligência militar russo Sergei Skripal e sua filha Yulia foram supostamente envenenados em Salisbury, Inglaterra, com um agente nervoso Novichok.

Em 26 de março, as vítimas ainda estavam no hospital em estado crítico e os médicos disseram que talvez não recuperassem completamente. Um polícia que realizou a investigação também ficou seriamente doente e recebeu alta do hospital a 22 de março. Funcionários da inteligência britânica e da polícia identificaram 38 pessoas como sendo afetadas pelo gás nervoso.

Em 14 de março, após acusar a tentativa de homicídio da Rússia, autoridades do governo britânico anunciaram medidas contra a Rússia, incluindo a expulsão de numerosos diplomatas acusados ​​de serem agentes secretos. O Reino Unido recebeu apoio dos Estados Unidos e de outros aliados, enquanto a Rússia negou as alegações. A União Europeia, a NATO e muitos outros países tomaram medidas semelhantes contra a Rússia.

Em 26 de março, os Estados Unidos ordenaram a expulsão de 60 funcionários diplomáticos russos e o encerramento do consulado russo em Seattle. No mesmo dia, 31 países anunciaram a expulsão de mais de 140 diplomatas russos.

sábado, março 02, 2024

Nino Vieira foi assassinado há quinze anos (quem com ferros mata...)


João Bernardo Vieira
, mais conhecido por Nino Vieira ou Kabi Nafantchamna (Bissau, Guiné-Bissau, 27 de abril de 1939 - Bissau, Guiné-Bissau, 2 de março de 2009) foi um político da Guiné-Bissau, por três vezes presidente da República da Guiné-Bissau, tendo sido o primeiro presidente guineense eleito democraticamente.
Vieira voltou à cena política em meados de 2005, quando venceu a eleição presidencial apenas seis anos depois de ser expulso, durante uma guerra civil que pôs fim a 19 anos de poder.
Eletricista de formação, Vieira filiou-se no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral em 1960 e rapidamente se tornou uma peça-chave da guerra de guerrilha do país contra a soberania da Guiné-Bissau por Portugal.
À medida que a guerra se intensificou, ele demonstrou habilidade como líder militar e rapidamente subiu na cadeia de comando. Vieira era conhecido por seus camaradas como "Nino" e esse permaneceu o seu nome de guerra enquanto durou a luta.
Logo após eleições do conselho regional no fim de 1972, em áreas sob o controle do PAIGC, que levaram à constituição de uma assembleia constituinte, Vieira foi nomeado presidente da Assembleia Nacional Popular. Em 28 de setembro de 1978, ele foi nomeado primeiro-ministro da Guiné-Bissau.
Em 1980, as condições económicas haviam-se deteriorado significativamente, o que levou a uma generalizada insatisfação com o governo. Em 14 de novembro de 1980, Vieira derrubou o governo de Luís Cabral num golpe militar, o que o levou à desvinculação do PAIGC de Cabo Verde, que preferiu tornar-se um partido separado. A constituição foi suspensa e um Conselho Militar da Revolução, com nove membros, comandado por Vieira, foi formado. Em 1984, uma nova constituição foi aprovada, fazendo o país retornar a um regime civil.
A Guiné-Bissau, como o resto da África subsaariana, foi em direção a uma democracia multipartidária no começo dos anos 90. A proibição de partidos políticos terminou em 1991 e houve eleições em 1994. Na primeira volta das eleições presidenciais, em 3 de julho, Vieira receber 46,20% dos votos, concorrendo com outros sete candidatos. Ele acabou em primeiro lugar, mas não conseguiu ganhar a necessária maioria, o que levou a uma segunda volta em 7 de agosto. Recebeu 52,02% dos votos, contra 47,98% de Kumba Yalá, um ex-palestrante de filosofia e candidato do Partido Renovador Social (PRS). Observadores internacionais da eleição consideraram ambas as votações livres e justas em geral. Vieira tomou posse com o primeiro presidente democraticamente eleito da Guiné-Bissau a 29 de setembro de 1994.
Recebeu o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada a 1 de julho de 1996.
Logo depois de uma tentativa fracassada de golpe de estado contra o governo em junho de 1998, o país se viu no meio de uma breve mas violenta guerra civil entre forças leais a Vieira e outras leais ao líder rebelde Ansumane Mané. Rebeldes finalmente depuseram o governo de João Vieira num novo cessar-fogo em 7 de maio de 1999. Ele refugiou-se na embaixada portuguesa e veio para Portugal em junho.
Em 7 de abril de 2005, pouco mais de dois anos, depois de outro golpe militar derrubar o governo do presidente Kumba Yalá, Vieira retornou a Bissau de Portugal. Mais tarde, naquele mês, ele anunciou que se candidataria à presidência nas eleições presidenciais de 2005, em junho. Apesar de que muitos consideraram Vieira inelegível, por causa de processos contra ele e porque ele estava no exílio, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que ele estava apto a concorrer. O seu antigo partido, o PAIGC, apoiou o ex-presidente interino, Malam Bacai Sanhá, como seu candidato.
De acordo com resultados oficiais, Vieira ficou em segundo lugar na eleição de 19 de junho com 28,87% dos votos, atrás de Malam Bacai Sanhá, e portanto participou da segunda volta. Ele oficialmente derrotou Sanhá na segunda volta, em 24 de julho, com 52,35% dos votos, e tomou posse como presidente em 1 de outubro.
Em 28 de outubro de 2005, Vieira anunciou a dissolução do governo chefiado pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, seu rival, citando a necessidade de manter a estabilidade; em 2 de novembro, nomeou o seu aliado político, Aristides Gomes, para o cargo.
Em 1de março de 2009, após o assassinato do chefe de Estado Maior das Forças Armadas, morto com uma bomba, no dia 2 de março o presidente é morto a tiro, por militares que mantiveram a sua casa debaixo de fogo. Nino Vieira morre ao tentar escapar de casa. Militares retiram os seus bens pessoais do palácio presidencial, no saque que se seguiu. Depois de ferido a tiro, foi retalhado, em pedaços, à catanada.

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

Olof Palme foi assassinado há 38 anos...


   
Sven Olof Joachim Palme (Estocolmo, 30 de janeiro de 1927 - Estocolmo, 28 de fevereiro de 1986) foi um político sueco. Membro do Partido Social-Democrata (Sveriges socialdemokratiska arbetareparti) foi primeiro-ministro da Suécia entre 1969 e 1976 e de novo entre 1982 e 1986, ano em que foi assassinado, à saída de um cinema em Estocolmo.
  
(...)
   
Ainda hoje é desconhecida a identidade do seu homicida e as razões pelas quais o matou. Há teorias da conspiração para todos os gostos, desde os serviços secretos sul-africanos ou americanos até a movimentos curdos.
Cerca de 130 pessoas confessaram o homicídio. Há mais de 3600 dossiês sobre o caso, que ocupam 225 metros de prateleiras numa esquadra da polícia.
Christer Pettersson, um alcoólico e toxicodependente, foi identificado em 1986 por Lisbeth Palme como o autor dos disparos sobre Olof Palme e sobre ela própria, na esquina da rua Sveavägen com a rua Tunnelgatan, na noite de 28 de janeiro de 1986, pelas 23.21 horas.
Levado ao Tribunal de Primeira Instância de Estocolmo (Stockholms Tingsrätt) em 1989, Christer Petterrson foi condenado à prisão perpétua (livstids fängelse).
Na sequência de recurso, Christer Pettersson foi julgado pelo Tribunal de Segunda Instância da Svealand (Svea Hovrätt), em 1989, e ilibado do crime, por falta de provas suficientes e erros no processo policial, tendo sido posto em liberdade.
O Supremo Tribunal da Suécia (Högsta Domstolen) recusou em 1997 um novo julgamento, por falta de provas adicionais.
Até agora, não há mais ninguém processado ou julgado por este homicídio. Christer Pettersson faleceu em 2004.
     
             
in Wikipédia

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Jonas Savimbi, o líder histórico da UNITA, foi assassinado há vinte e dois anos...

    
Jonas Malheiro Savimbi (Munhango, Moxico, 3 de agosto de 1934 - Lucusse, Moxico, 22 de fevereiro de 2002) foi um político e guerrilheiro angolano e líder da UNITA durante mais de trinta anos.
Tendo, em conjunturas diversas, tido o apoio dos governos dos Estados Unidos da América, da República Popular da China, do regime do apartheid da África do Sul, de Israel, de vários líderes africanos (Félix Houphouët-Boigny da Costa do Marfim, Mobutu Sese Seko do Zaire, do rei Hassan II de Marrocos e Kenneth Kaunda da Zâmbia) e mercenários de Portugal, Israel, África do Sul e França, Savimbi passou grande parte de sua vida a lutar primeiro contra a ocupação colonial portuguesa e, depois da independência de Angola, contra o governo angolano que era apoiado, em termos militares e outros, pela então União Soviética, por Cuba e pela Nicarágua sandinista.
   
Nascimento e estudos
Savimbi nasceu a 3 de agosto de 1934, em Munhango, uma pequena localidade na província Moxico, de pais originários de Chilesso, na província Bié, pertencentes ao grupo Bieno da etnia Ovimbundu. O pai de Savimbi era funcionário do Caminho de Ferro de Benguela e também pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA). Jonas Savimbi passou a sua juventude em Chilesso, onde frequentou o ensino primário e parte do ensino secundário em escolas da IECA. Como naquele tempo os diplomas das escolas protestantes não eram reconhecidos, repetiu a parte secundária no Huambo, numa escola católica mantida pela ordem dos Maristas. A seguir ganhou uma bolsa de estudos providenciada pela IECA nos Estados Unidos da América para concluir o ensino secundário e estudar medicina em Portugal. Em Lisboa concluiu de facto o ensino secundário, com a exceção da matéria "Organização Política Nacional", obrigatória durante o salazarismo, não chegando por isso a iniciar os estudos universitários. Entretanto tinha tomado contacto com um grupo de estudantes angolanos que, em Lisboa, propagavam em segredo a descolonização e discutiam a fundação de uma organização de luta anticolonial. Perante a ameaça de uma repressão por parte da PIDE, a polícia política do regime, Jonas Savimbi refugiou-se na Suíça, valendo-se de contactos obtidos por intermédio da IECA que, inclusive, lhe conseguiu uma segunda bolsa. Como a Suíça reconheceu os seus estudos secundários como completos, iniciou os estudos em ciências sociais e políticas, em Lausana e Genebra, obtendo provavelmente um diploma nestas matérias. Savimbi aproveitou a sua estadia na Suíça para aperfeiçoar o seu domínio do inglês e do francês, línguas que chegou a falar fluentemente.
    
Trajectória política
Posicionamento na guerra anticolonial
No início dos anos 1960, Savimbi saiu da Suíça para juntar-se à Guerra de Independência de Angola, entretanto iniciada pela UPA (posteriormente FNLA) e pelo MPLA. Tentando primeiro, sem sucesso, obter uma posição de liderança no MPLA, ingressou a seguir na FNLA que operava a partir de Kinshasa e onde passou a fazer parte da direção. Como a FNLA beneficiava na altura do apoio da China, Savimbi teve naquele país uma formação militar adaptada a condições de guerrilha. Logo a seguir saiu da FNLA para formar o seu próprio movimento, a UNITA. Este teve desde o início como principal base social os Ovimbundu, a etnia de origem de Savimbi, e a mais numerosa de Angola, em contraste com a FNLA, enraizada entre os Bakongo, e o MPLA cuja base original eram os Ambundu bem como boa parte dos "mestiços" e uma minoria da população portuguesa local, oposta ao regime colonial.
A UNITA desenvolveu entre 1966 e 1974 ações relativamente limitadas no Leste de Angola, mas em contrapartida conseguiu uma significativa penetração política clandestina entre os ovimbundu, contando para o efeito com o apoio de boa parte dos catequistas da IECA.
    
Papel no processo de descolonização
Na sequência da Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura de Salazar, Portugal anunciou, em abril de 1974, a sua intenção de abdicar das suas colónias. Em Angola, os três movimentos anticoloniais iniciaram de imediato entre eles uma luta pela conquista do poder. Embora a UNITA fosse à partida o movimento mais fraco, Jonas Savimbi decidiu lançar-se na corrida, confiando na sua base social e nos seus apoios externos.
Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo Zaire e pela África do Sul, obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um certo apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação mudou radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do MPLA, com o suporte logístico da União Soviética. Na data marcada para a independência, a 11 de novembro de 1975, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a independência em Luanda sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.
Face a esta constelação, Jonas Savimbi fez uma aliança com a FNLA; juntos, os dois movimentos declararam, na mesma data, a independência de Angola no Huambo e formaram um governo alternativo com sede nesta cidade. Porém, as forças conjuntas do MPLA e de Cuba conquistaram rapidamente a parte maior da metade austral de Angola. O governo FNLA/UNITA, que não havia sido reconhecido por nenhum país, dissolveu-se rapidamente. A FNLA retirou-se por completo do território angolano e desistiu de qualquer oposição armada contra o MPLA. Em contrapartida, Jonas Savimbi decidiu não abandonar a luta e, a partir de bases no Leste e Sudeste de Angola, começou de imediato uma guerra de guerrilha contra do governo do MPLA - desencadeando assim uma guerra civil que só terminaria com a sua morte.
    
Protagonista da Guerra Civil
Em 1992, aquando das primeiras eleições em Angola, Savimbi participou sendo o seu partido, a UNITA, derrotado nas eleições legislativas. Ao não aceitar o resultado das mesmas, optou novamente pelo caminho da guerra, perpetuando a guerra civil. Quanto à eleição presidencial, a segunda volta não se realizou devido ao recomeço do conflito armado.
Em 1994, a UNITA assinou os acordos de paz de Lusaca, depois de meses de negociações, e aceitou desmobilizar as suas forças, com o objetivo de conseguir a reconciliação nacional. O processo de paz prolongou-se durante quatro anos, marcado por acusações e adiamentos. Nesse período, muitos membros da UNITA deslocaram-se para Luanda e integraram o Governo de Unidade Nacional, no entanto dissidências internas separaram o braço armado do braço político surgindo dessa forma a UNITA renovada, onde Jonas Savimbi não se sentia representado, rompendo com os acordos de paz e retornando, novamente, ao caminho da guerra.
Morreu a 22 de fevereiro de 2002, perto de Lucusse na província do Moxico, após uma longa perseguição efetuada pelas Forças Armadas Angolanas.


NOTA: a morte de Savimbi acabou com a Guerra Civil Angolana (e com alguns proveitos para um partido político português que esteve agora oito anos no poder...) mas gerou um monopólio do MPLA, com as consequências financeiras para a nomenklatura desse partido por nós, infelizmente, cada vez mais bem conhecidas...
E, já agora, foi vergonhosa a exibição do corpo de Savimbi, pelo MPLA, como um troféu de caça, já depois de morto...
 

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Malcolm X foi assassinado há 59 anos

         
Al Hajj Malik Al-Shabazz, mais conhecido como Malcolm X (originalmente registado como Malcolm Little; Omaha, 19 de maio de 1925 - Nova Iorque, 21 de fevereiro de 1965), foi um dos maiores defensores dos direitos dos negros nos Estados Unidos. Fundou a Organização para a Unidade Afro-Americana, de inspiração socialista. Ele era um defensor dos direitos dos afro-americanos, um homem que conseguiu mobilizar os brancos americanos sobre seus crimes cometidos contra os negros. Em 1998, a influente revista Time nomeou a Autobiografia de Malcolm X um dos 10 livros não fictícios mais importantes do século XX.
        
(...)
       
Viagem a Meca e morte
Patrocinado pela sua meia-irmã Ella, Malcolm viajou a Meca com o objetivo de conhecer melhor o Islão. Agora admitia que Elijah Muhammad havia deturpado esta religião nos Estados Unidos. Ao voltar de sua viagem, estava para iniciar uma nova fase em sua vida. Numa entrevista coletiva, perguntaram-lhe: “Você ainda acredita que os brancos são demónios?” E ele respondeu: “Os brancos são seres humanos na medida em que isto for confirmado pelas suas atitudes em relação aos negros”.
Movido pelas suas novas ideias, Malcolm fundou a Organização da Unidade Afro-Americana: grupo não religioso e não sectário e criado para unir os afro-americanos. Contudo, em 21 de fevereiro de 1965, na sede da sua organização, Malcolm foi atingido por 16 tiros de balas de calibre 38 e 45, com a maioria deles a atingi-lo no coração. Malcolm foi assassinado – com apenas 39 anos – em frente da sua esposa Betty, que estava grávida, e das suas quatro filhas, por três membros da Nação do Islão. Escreveu MS Handler: “Balas fatais acabaram com a carreira de Malcolm X antes que ele tivesse tempo para desenvolver as suas novas ideias”.
        

Sandino foi assassinado há noventa anos...

    
Augusto César Sandino (Niquinohomo, 18 de maio de 1895 - Manágua, 21 de fevereiro de 1934) foi um revolucionário nicaraguense, líder da rebelião contra a presença militar dos Estados Unidos na Nicarágua entre 1927 e 1933. Rotulado como bandido pelo governo dos Estados Unidos, as suas ações torná-lo-iam um herói em grande parte da América Latina, onde é considerado um símbolo da resistência à dominação americana. Levando os Fuzileiros Navais dos Estados Unidos a uma guerra não declarada, a sua organização guerrilheira sofreu duras derrotas. Ainda assim, escapou a diversas tentativas de captura. As tropas dos Estados Unidos retiraram do país após controlarem a eleição e a tomada de posse do presidente Juan Bautista Sacasa. Sandino foi executado pelo general Anastasio Somoza García, que subiu ao poder, através de um golpe de estado, dois anos mais tarde, estabelecendo uma presidência hereditária que comandou a Nicarágua durante mais de quarenta anos. O legado de Sandino foi seguido pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que derrubou o governo de Somoza em 1979.
  
    
Sandino en la moneda de 1 córdoba
   
El 21 de febrero de 1934 Sandino en compañía de su padre, Gregorio Sandino, el escritor Sofonías Salvatierra (ministro de Agricultura de Sacasa) y sus lugartenientes generales Francisco Estrada y Juan Pablo Umanzor acudían a una cena en La Loma (Palacio Presidencial), invitados por Sacasa la salida de dicho evento el coche en el que viajaban fue detenido justo a la par del Campo de Marte, en un punto ubicado al sur de la Imprenta Nacional (donde se edita e imprime el diario oficial La Gaceta). El cabo de guardia que les detuvo era en realidad un mayor disfrazado, Lisandro Delgadillo, que les condujo a la cárcel de El Hormiguero (destruida por el terremoto que azotó a Managua en 1972). Los detenidos pidieron que llamaran a Somoza, pero les respondieron que no podían localizarlo, por otro lado la hija de Sacasa le comunicó a su padre la detención, ya que la había visto, y Sacasa se puso en contacto con la embajada de EE. UU. para intentar impedir el asesinato.
Sandino, Estrada y Umanzor fueron llevados al monte llamado La Calavera en el campo de Larreynaga y allí, a la señal de Delgadillo, el batallón que custodiaba a los prisioneros abrió fuego matando a los tres generales. Eso ocurría a las 11 de la noche. Según testimonio de Salvatierra, al oír los disparos, Gregorio Sandino dijo:
Ya los están matando. Siempre será verdad que el que se mete a redentor, muere crucificado.
En la misma noche el hermano menor de Sandino, Sócrates (quien era coronel del EDSN), muere en un enfrentamiento con efectivos de la Guardia Nacional que atacaron la casa del ministro Salvatierra, ubicada por el sector de la Iglesia El Calvario, en Managua. En este enfrentamiento resultó herido el coronel Santos López, quien logra abrirse pasos a balazos y tomar rumbo hacia Honduras.
Al día siguiente (22 de febrero de 1934) la Guardia Nacional destruyó la cooperativa que Sandino había establecido en el poblado de Wiwilí, matando o haciendo prisioneros a sus integrantes.
Dos años después, Anastasio Somoza García - quien llegó a afirmar que recibió las órdenes del asesinato de Sandino del embajador estadounidense Arthur Bliss Lane -, se haría con el poder del país, derrocando para ello al presidente Sacasa, quien era su tío político.
     

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

A modelo Reeva Steenkamp foi assassinada há 11 anos...

    
Reeva Steenkamp (Cidade do Cabo, 19 de agosto de 198314 de fevereiro de 2013) foi uma modelo sul-africana.
  
Biografia
Reeva nasceu e cresceu num subúrbio da Cidade do Cabo. Ela mudou, com os pais, Barry e June, para Port Elizabeth, ainda na infância. Estudou na St Dominic's Priory School e, mais tarde, fez o curso de Direito na Universidade Metropolitana Nelson Mandela (NMMU), onde se formou em 2005.
 
Morte
A modelo foi encontrada morta na manhã do dia 14 de fevereiro de 2013. Ela namorava há cerca de meio ano com o famoso atleta paralímpico Oscar Pistorius, que foi o único acusado do crime. Pistorius afirmou ter confundido a namorada com um ladrão. Este foi detido, por suspeita de matar a sua namorada, Reeva Steenkamp com quatro tiros.
Em 12 de setembro de 2014, Oscar Pistorius foi considerado culpado de homicídio negligente/culposo da morte da namorada. O atleta sul-africano incorria numa pena de prisão que poderia chegar aos 15 anos.
Em 21 de outubro de 2014, Pistorius foi condenado a 5 anos de prisão pelo assassinato. A sentença foi dada pela juíza Thokozile Masipa, num tribunal da cidade de Pretória, África do Sul.
O Supremo anulou a sentença da primeira instância ao considerar que houve intenção de matar, sabendo ou não quem estava do outro lado da porta da casa de banho, e declarou o atleta culpado de homicídio voluntário.
Pistorius foi condenado a seis anos de prisão, em 6 de julho de 2016. No dia 24 de novembro de 2017 a justiça sul-africana aceitou o recurso da promotoria, aumentando a pena para 13 anos e 5 meses, com possibilidade de ser libertado em 2023, o que aconteceu a 5 de janeiro de 2024.
 
Carreira

Após a universidade Reeva trabalhou como técnica jurídica e modelo. Ela aplicou-se nos estudos e esperava estar qualificada para advogar aos 30 anos.

Como modelo, Reeva foi o primeiro rosto dos cosméticos Avon no seu país, o que a tornou muito familiar para os seus compatriotas. Foi também capa da revista masculina FHM, e foi eleita pela mesma revista 40ª mulher mais sexy do mundo. Ela interpretou pequenos papéis na televisão sul-africana e preparava-se para ser apresentadora de TV.
    

terça-feira, fevereiro 13, 2024

Chamava-se Catarina...

 

Cantar Alentejano - Zeca Afonso

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manha fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p'ra si
O Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p'ra voar
O Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar

Humberto Delgado foi assassinado há 58 anos...

   
Humberto da Silva Delgado (Boquilobo, 15 de maio de 1906 - Los Almerines, São Rafael de Olivença, Olivença, 13 de fevereiro de 1965) foi um militar português da Força Aérea que corporizou o principal movimento de tentativa de derrube do regime salazarista através de eleições, tendo contudo sido derrotado nas urnas, num processo eleitoral fraudulento que deu a vitória ao candidato do regime vigente, Américo Tomás.
  
Primeiros anos
Humberto da Silva Delgado nasceu a 15 de maio de 1906 em Boquilobo, freguesia de Brogueira, concelho de Torres Novas, distrito de Santarém.
Frequentou o Colégio Militar entre 1916 e 1922.
Participou no movimento militar de 28 de maio de 1926, que derrubou a República Parlamentar e implantou a Ditadura Militar que, poucos anos mais tarde, em 1933, iria dar lugar ao Estado Novo liderado por Salazar.
Durante muitos anos apoiou as posições oficiais do regime salazarista, particularmente o seu anticomunismo.
  
Carreira militar e pública
Em 1941 assumiu publicamente as suas simpatias para com a Alemanha Nazi, publicando dois artigos, na Revistas Ar, onde afirmou: “O ex-cabo, ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor, passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa palavra.”
Representou Portugal nos acordos secretos com o Governo Inglês sobre a instalação das Bases Aliadas nos Açores durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1944 foi nomeado Diretor do Secretariado da Aeronáutica Civil.
Entre 1947 e 1950 representou Portugal na Organização da Aviação Civil Internacional, sediada em Montreal, Canadá.
Foi Procurador à Câmara Corporativa (V Legislatura) entre 1951 e 1952.
Em 1952 foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos Representantes Militares da NATO. Promovido a general na sequência da realização do curso de altos comandos, onde obteve a classificação máxima, passa a Chefe da Missão Militar junto da NATO.
Regressado a Portugal foi nomeado Diretor-Geral da Aeronáutica Civil.
  
Oposição ao regime
Os cinco anos que viveu nos Estados Unidos modificam a sua forma de encarar a política portuguesa. Convidado por opositores ao regime de Salazar para se candidatar à Presidência da República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo Tomás, aceita, reunindo em torno de si toda a oposição ao Estado Novo.
Numa conferência de imprensa da campanha eleitoral, realizada em 10 de maio de 1958 no café Chave de Ouro, em Lisboa, quando lhe foi perguntado por um jornalista que postura tomaria em relação ao Presidente do Conselho Oliveira Salazar, respondeu com a frase "Obviamente, demito-o!".
Esta frase incendiou os espíritos das pessoas oprimidas pelo regime salazarista que o apoiaram e o aclamaram durante a campanha com particular destaque para a entusiástica receção popular na Praça Carlos Alberto no Porto a 14 de maio de 1958.
Devido à coragem que manifestou ao longo da campanha perante a repressão policial foi cognominado «General sem Medo».
O resultado eleitoral não lhe foi favorável graças à fraude eleitoral montada pelo regime.
  
Exílio e morte
Em 1959, na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças por parte da polícia política, pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio neste país.
Convencido de que o regime não poderia ser derrubado por meios pacíficos promove a realização de um golpe de estado militar, que vem a ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém, fracassou.
Pensando vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, em 13 de fevereiro de 1965. Ao seu encontro vai um grupo de agentes da PIDE, liderados por Rosa Casaco. O agente Casimiro Monteiro assassina-o, bem como à sua secretária, Arajaryr Campos. Os corpos foram ocultados perto de Villanueva del Fresno, cerca de 30 km a sul do local do crime.
   
Homenagens
A Assembleia da República Portuguesa decidiu, a 19 de julho de 1988, que fosse feita a transladação dos restos mortais de Humberto Delgado, do Cemitério dos Prazeres para o Panteão Nacional da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. A cerimónia aconteceu a 5 de outubro de 1990, dia que se assinalava os oitenta anos da imposição da República Portuguesa. Nesta mesma altura, o General foi elevado, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea. Em fevereiro de 2015, por ocasião do 50º aniversário do seu assassinato, a Câmara Municipal de Lisboa propôs ao governo Português a alteração do nome do Aeroporto de Lisboa para Aeroporto Humberto Delgado. O governo aceitou a proposta e desde 15 de maio de 2016 que o Aeroporto da Portela se designa por Aeroporto Humberto Delgado.
  

Catarina Eufémia nasceu há 96 anos...

(imagem daqui)
  
Catarina Efigénia Sabino Eufémia (Baleizão, 13 de fevereiro de 1928 - Monte do Olival, Baleizão, 19 de maio de 1954) foi uma ceifeira portuguesa que, na sequência de uma greve de assalariadas rurais, foi assassinada a tiros, pelo tenente Carrajola da Guarda Nacional Republicana. Com vinte e seis anos de idade, analfabeta, Catarina tinha três filhos, um dos quais de oito meses, que estava ao seu colo no momento em que foi baleada.
A trágica história de Catarina acabou por personificar a resistência ao regime salazarista, sendo adotada, pelo Partido Comunista Português, como ícone da resistência no Alentejo. Sophia de Mello Breyner, Carlos Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, Maria Luísa Vilão Palma e António Vicente Campinas dedicaram-lhe poemas. O poema de Vicente Campinas "Cantar Alentejano" foi musicado por Zeca Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971.
 
A morte
No dia 19 de maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina e mais treze outras ceifeiras foram reclamar com o feitor da propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de dois escudos por jornadas. Os homens da ceifa foram, em princípio, contrários à constituição do grupo das peticionárias, mas acabaram por não hostilizar a ação destas. As catorze mulheres foram suficientes para atemorizar o feitor que foi a Beja chamar o proprietário e a guarda.
Catarina fora escolhida pelas suas colegas para apresentar as suas reivindicações. A uma pergunta do tenente da guarda, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão". Como resposta teve uma bofetada que a enviou ao chão. Ao levantar-se, terá dito: "Já agora mate-me." O tenente da guarda disparou três balas que lhe estilhaçaram as vértebras. Catarina não terá morrido instantaneamente, mas poucos minutos depois nos braços do seu próprio patrão (entretanto chegado), que a levantou da poça de sangue onde se encontrava, e terá dito: Oh senhor tenente, então já matou uma mulher, o que é que está a fazer? O patrão, Francisco Nunes, que é geralmente descrito como uma pessoa acessível, foi caracterizado por Manuel de Melo Garrido em "A morte de Catarina Eufémia - A grande dúvida de um grande drama" como "o jovem lavrador da região que menos discutia os salários a atribuir aos rurais e que, nas épocas de desemprego, os ajudava com larga generosidade". O menino de colo, que Catarina tinha nos braços ficou ferido na queda. Uma outra camponesa teria ficado ferida também.
De acordo com a autópsia, Catarina foi atingida por "três balas, à queima-roupa, pelas costas, atuando da esquerda para a direita, de baixo para cima e ligeiramente de trás para a frente, com o cano da arma encostada ao corpo da vítima. O agressor deveria estar atrás e à esquerda em relação à vítima". Ainda segundo o relatório da autópsia, Catarina Eufémia era "de estatura mediana (1,65 m), de cor branco-marmórea, de cabelos pretos, olhos castanhos, de sistema muscular pouco desenvolvido".
Após a autópsia, temendo a reação da população, as autoridades resolveram realizar o funeral às escondidas, antecipando-o de uma hora em relação àquela que tinham feito constar. Quando se preparavam para iniciar a sua saída às escondidas, o povo correu para o caixão com gritos de protesto, e as forças policiais reprimiram violentamente a populaça, espancando não só os familiares da falecida, outros rurais de Baleizão, como gente simples de Beja que pretendia associar-se ao funeral. O caixão acabou por ser levado à pressa, sob escolta da polícia, não para o cemitério de Baleizão, mas para Quintos (a terra do seu marido cantoneiro António Joaquim do Carmo, o Carmona, como lhe chamavam) a cerca de dez quilómetros de Baleizão. Vinte anos depois, em 1974, os seus restos mortais foram finalmente trasladados para Baleizão.
Na sequência dos distúrbios do funeral, nove camponeses foram acusados de desrespeito à autoridade; a maioria destes foi condenada a dois anos de prisão com pena suspensa. O tenente Carrajola foi transferido para Aljustrel, mas nunca veio a ser sequer julgado em tribunal. Faleceu em 1964.
 
A lenda
Ao torná-la numa lenda da resistência antifascista, o PCP teria adulterado alguns pormenores da vida e morte de Catarina Eufémia. Designadamente, fez-se crer que Catarina era militante do Partido Comunista, no comité local de Baleizão, desde 1953, o que é, possivelmente, falso. A escolha de Catarina para porta-voz das ceifeiras terá sido mesmo influenciada pelo facto de não existirem as mínimas suspeitas de ser comunista. Aliás, Mariana Janeiro, uma militante comunista várias vezes presa pela PIDE, sempre rejeitou a hipótese de que Catarina estivesse ao serviço do partido. Por seu lado, António Gervásio, antigo dirigente do PCP no Alentejo, afirma que Catarina era de facto membro do comité local de Baleizão do PCP desde 1953. Também a União Democrática Popular reivindicou a militância de Catarina (embora a UDP só tenha surgido em 1974, tentou reclamar Catarina como um dois exemplos da linha comunista não-estalinista e comunista não-interclassista, que antecedeu a União Democrática Popular e o seu precursor, o PC-R), tendo, mesmo, erigido um pequeno monumento em sua memória, que foi destruído por apoiantes do PCP em 23 de maio de 1976. Os familiares de Catarina, especialmente os filhos, chegaram a apoiar ou filiar-se na UDP. UDP e PCP continuam a disputar Catarina (que segundo conhecidos não seria militante comunista, mas sendo altamente politizada, seria simpatizante com bastante certeza).
Afirmou-se também que Catarina Eufémia estaria grávida de alguns meses no momento em que foi assassinada. Aparentemente, essa informação teria vindo de outras ceifeiras, a quem Catarina alguns dias antes de ser assassinada teria revelado o seu estado amenorreico. Durante a autópsia, o povo de Baleizão juntou-se no largo da Sé de Beja, a poucos metros do Hospital da Misericórdia, clamando em desespero e revolta: "Não foi uma, foram duas mortes!". No entanto, o médico legista que a autopsiou, Henriques Pinheiro, afirmou repetidamente, inclusive depois da revolução de 1974, que as referências a uma gravidez eram falsas.