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quarta-feira, abril 17, 2024

Um fóssil fantástico descoberto em Inglaterra - o SeaRex...!

“Um em mil milhões”. Crânio gigante de monstro marinho bate recorde mundial

    


   

O crânio de pliossauro, descoberto em Dorset, é o mais completo descoberto até agora e inclui 130 dentes.

A observação atenta de um entusiasta de fósseis ao longo da Costa Jurássica em Dorset, Inglaterra, levou à descoberta de um crânio de pliossauro com 150 milhões de anos.

Este antigo réptil marinho, conhecido pela sua formidável força de mordida, potencialmente superior à do Tyrannosaurus rex, foi agora reconhecido pelo Guinness Book Of World Records por ter o crânio de pliossauro mais completo encontrado até à data, aponta o IFLScience.

Batizado de “SeaRex”, o crânio apresenta uma preservação sem paralelo, com 95 por cento da sua superfície intacta e 130 dentes pontiagudos, fixados no lugar tal como estariam quando a criatura percorria os mares durante o período Jurássico.

A descoberta foi inicialmente desencadeada por Phil Jacobs, que tropeçou no focinho do pliossauro na praia, alertando posteriormente o especialista em fósseis Steve Etches MBE. Utilizando drones e expedições com cordas pela falésia, a equipa conseguiu localizar e eventualmente extrair o enorme crânio, com 2 metros de comprimento, de uma altitude de 12 metros acima da praia.

A importância desta descoberta não pode ser subestimada, com a especialista em pliossauros, Doutora Judyth Sassoon, da Universidade de Bristol, a salientar a sua excecional preservação. “Eu estudei muitos pliossauros Kimmeridgianos, mas nunca vi um que estivesse tão bem preservado. Ele contém muitos detalhes anatómicos num único espécime que só são encontrados parcialmente preservados noutros espécimes”, considera.

A escavação, uma proeza de determinação e perícia, foi relatada no programa da BBC “Attenborough And The Giant Sea Monster”, captando a atenção e a imaginação do próprio Sir David Attenborough, que ficou espantado com a dimensão da descoberta.

Agora orgulhosamente exposto na Coleção Etches em Kimmeridge, Dorset, o crânio do “SeaRex” representa uma contribuição monumental para a paleontologia, oferecendo uma visão sem paralelo da vida dos pliossauros.

A equipa envolvida na recuperação e estudo do crânio acredita que o resto do corpo do pliossauro permanece enterrado ao longo da Costa Jurássica, com restos parciais já identificados. Este facto sugere que novas escavações poderão revelar ainda mais sobre este extraordinário espécime.

 

in ZAP

segunda-feira, abril 15, 2024

Novidades na paleontologia europeia...

Desvendado mistério de fósseis gigantes na Europa que intrigam cientistas há 150 anos

 

Reconstituição de um ictiossauro gigante

 

Um estudo da Universidade de Bona encontrou finalmente explicação para a origem misteriosa de vários fragmentos de ossos fósseis de grandes dimensões que intrigam os paleontólogos há 150 anos.

Durante a segunda metade do século XIX foram descobertos de grandes dimensões, muito semelhantes,  em várias regiões da Europa Ocidental e Central.

O grupo animal a que pertenciam foi até agora objeto de grande debate na comunidade científica.

Um novo estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Bona e  publicado esta semana na revista PeerJ, concluiu agora que a microestrutura dos fósseis indica que provêm da mandíbula inferior de ictiossauros.

Estes animais podiam atingir 25 a 30 metros de comprimento, um tamanho semelhante ao da baleia azul atual.

Em 1850, o naturalista britânico Samuel Stutchbury relatou numa revista científica um misterioso achado: um grande fragmento de osso cilíndrico tinha sido descoberto em Aust Cliff, um depósito de fósseis perto de Bristol.

Desde então, foram encontrados fragmentos de ossos semelhantes em vários locais diferentes da Europa, incluindo Bonenburg, na Renânia do Norte – Vestefália, na Alemanha, e na região da Provença, em França.

Há mais de 200 milhões de anos, estas zonas estavam submersas num enorme oceano que cobria vastas áreas da Europa Ocidental e Central. Os restos fósseis do mundo animal dessa época, incluindo os habitantes marinhos e costeiros, estão preservados nos sedimentos.

Ainda hoje se discute a que grupo animal pertenciam estes grandes ossos fossilizados. Stutchbury supôs, ao examinar os primeiros achados, que eram provenientes de um labyrinthodontia, uma criatura terrestre extinta, semelhante a um crocodilo.

No entanto, esta hipótese foi contestada por outros investigadores, que acreditavam que os fósseis provinham de dinossauros de pescoço comprido (saurópodes), de estegossauros ou de um grupo de dinossauros ainda completamente desconhecido.

“Já no início do século XX, outros investigadores tinham teorizado que os fósseis poderiam pertencer a um ictiossauro gigantesco“, explica em comunicado da Universidade de Bona o autor principal do estudo, Marcello Perillo.

O investigador tem estado a estudar esta teoria no âmbito da sua tese de mestrado no grupo de investigação liderado pelo Professor Martin Sander no Instituto de Geociências da Universidade de Bona.

No  seu trabalho, examinou a microestrutura do tecido ósseo fossilizado. “Os ossos de espécies semelhantes têm geralmente uma estrutura semelhante. Desta forma, a osteohistologia, ou análise do tecido ósseo, permite tirar conclusões sobre o grupo de animais de onde provém o achado”, explica Perillo.

O paleobiólogo começou por recolher amostras de ossos que até agora não tinham sido classificados.

“Comparei espécimes do sudoeste de Inglaterra, de França e de Bonenburg. Todos eles apresentavam uma combinação muito específica de propriedades. Esta descoberta indicou que poderiam provir do mesmo grupo animal”, conta o investigador.

Em seguida, Marcello Perillo verificou, com um microscópio especial, que a parede do osso tinha uma estrutura muito invulgar: continha longos fios de colagénio mineralizado, uma fibra proteica, que se entrelaçavam de uma forma caraterística que ainda não tinha sido encontrada noutros ossos.

Curiosamente, os grandes fósseis de ictiossauros do Canadá também têm uma estrutura de parede óssea muito semelhante. É assim provável que os fósseis provenham da mandíbula inferior de uma criatura marinha.

“No entanto, esta estrutura não se encontra em amostras de fósseis de outros grupos animais que estudei”, sublinha Perillo. “Por isso, parece muito provável que os fragmentos também pertençam a um ictiossauro e que os resultados refutem a afirmação de que os ossos são de um dinossauro terrestre.”

Comparando o tamanho dos fragmentos com as mandíbulas de outras espécies deste grupo animal, é possível deduzir o comprimento dos animais: poderiam ter atingido um comprimento de 25 a 30 metros, como inicialmente proposto pelos defensores da teoria dos ictiossauros. especulado num estudo anterior.

“No entanto, este valor é apenas uma estimativa e está longe de ser certo, até encontrarmos restos fósseis mais completos”, diz Perillo. Mas eram certamente excecionalmente grandes.

Os primeiros ictiossauros viveram nos oceanos antigos, no início do Triássico, há cerca de 250 milhões de anos. Espécies tão grandes como as baleias existiram desde o início, mas as maiores criaturas só apareceram há cerca de 215 milhões de anos. Quase todas as espécies de ictiossauros foram extintas no final do período Triássico, há mais de 200 milhões de anos.

A estrutura invulgar das suas paredes ósseas, semelhante a materiais reforçados com fibra de carbono, manteve provavelmente o osso muito estável e, ao mesmo tempo, permitiu um crescimento rápido.

“Estas enormes mandíbulas teriam sido expostas a forças de cisalhamento significativas, mesmo quando o animal estava a comer normalmente”, diz Perillo.

“É possível que estes animais também usassem o focinho para abocanhar as presas, à semelhança das orcas atuais. No entanto, isto continua a ser pura especulação, nesta altura”, conclui o investigador.

 

in ZAP

Leonardo da Vinci nasceu há 572 anos

Provável autorretrato de Leonardo da Vinci, cerca de 1512 a 1515
     
Leonardo di Ser Piero da Vinci, ou simplesmente Leonardo da Vinci (Anchiano, 15 de abril de 1452 - Amboise, 2 de maio de 1519), foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [parece-nos] misterioso e distante.
Nascido como filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de uma camponesa, Caterina, em Vinci, na região da Florença, foi educado no ateliê do pintor florentino de renome, Verrocchio. Passou a maior parte do início de sua vida profissional a serviço de Ludovico Sforza (Ludovico il Moro), em Milão; trabalhou posteriormente em Veneza, Roma e Bolonha, e passou os seus últimos dias na França, numa casa que lhe foi dada pelo rei Francisco I.
Leonardo era, como até hoje, conhecido principalmente como pintor. Duas de suas obras, a Mona Lisa e A Última Ceia, estão entre as pinturas mais famosas, mais reproduzidas e mais parodiadas de todos os tempos, e a sua fama apenas se comparar à Criação de Adão, de Miguel Ângelo. O desenho do Homem Vitruviano, feito por Leonardo, também é tido como um ícone cultural, e foi reproduzido por todo o lado, desde em moedas de euro até t-shirts. Cerca de quinze das suas pinturas sobreviveram até aos dias de hoje; o número pequeno se deve às suas experiências constantes - e frequentemente desastrosas - com novas técnicas, além de sua procrastinação crónica. Ainda assim, estas poucas obras, juntamente com seus cadernos de anotações - que contêm desenhos, diagramas científicos, e seus pensamentos sobre a natureza da pintura - formam uma contribuição às futuras gerações de artistas que só pode ser rivalizada à de seu contemporâneo, Miguel Ângelo.
Leonardo é reverenciado pela sua engenhosidade tecnológica; concebeu ideias muito à frente de seu tempo, como um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas embarcações, e uma teoria rudimentar das placas tectónicas. Um número relativamente pequeno de seus projetos chegou a ser construído durante sua vida (muitos nem mesmo eram fatíveis), mas algumas de suas invenções menores, como uma bobina automática, e um aparelho que testa a resistência à tração de um fio, entraram sem crédito algum para o mundo da indústria. Como cientista, foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos da anatomia, da engenharia civil, da ótica e da hidrodinâmica.
Leonardo da Vinci é considerado por vários o maior génio da história, devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, a sua engenhosidade e criatividade, além das suas obras polémicas. Num estudo realizado em 1926 o seu QI foi grosseiramente estimado em cerca de 180.

         
in Wikipédia

sexta-feira, abril 12, 2024

Novidade sobre o ancestral de todos os tetrápodes...

O mítico Tiktaalik revelou mais um segredo: em terra, as costelas são essenciais

 

 

Tiktaalik rosae, o mítico peixe de quatro patas que um dia, há 375 milhões de anos, decidiu dar um um passeio em terra

 

A análise do fóssil do famoso Tiktaalik, encontrado há 20 anos, revelou novos pormenores que podem explicar como os vertebrados evoluíram para andar em terra, há cerca de 400 milhões de anos.

O mítico Tiktaalik roseae, o peixe de quatro patas que deu o primeiro passo em direção a terra, foi descoberto há 20 anos, no Canadá.

Popularizado na Internet graças aos memes do peixe que chega a terra e volta para trás, o  Tiktaalik é um “fishapod” — um elo perdido entre os peixes e os primeiros tetrápodes de quatro patas que andaram na Terra.

Os cientistas acreditam que todos os animais terrestres com espinha dorsal, desde os dinossauros, sapos e aves até aos seres humanos, bem como os que evoluíram para se tornarem novamente habitantes da água, como as baleias, remontam a peixes pioneiros como o Tiktaalik.

Uma nova análise da estrutura do esqueleto do Tiktaalik, publicada a semana passada na Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou agora novos pormenores que podem explicar como os vertebrados evoluíram para andar em terra, há cerca de 400 milhões de anos.

“O Tiktaalik foi descoberto em 2004, mas partes importantes do seu esqueleto eram desconhecidas”, afirma Tom Stewart,  investigador da Universidade Estatal da Pensilvânia e primeiro autor do artigo, citado pela Cosmos.

“Novos exames de micro-CT de alta resolução mostram-nos as vértebras e as costelas do Tiktaalik e permitem-nos fazer uma reconstrução completa do seu esqueleto, o que é vital para compreender como se deslocava pelo mundo“, diz Stewart.

A reconstrução mostra que as costelas do Tiktaalik estavam provavelmente ligadas à sua pélvis. Esta configuração, consideram os autores do estudo, ajudou o peixe a suportar o seu corpo em terra, o que teria sido crucial para a eventual evolução da marcha.

 

Esqueleto do Tiktaalik

 

A maioria dos peixes tem vértebras e costelas com o mesmo comprimento ao longo da coluna vertebral. Mas os vertebrados com membros têm costelas de tamanhos muito diferentes.

Este facto permitiu funções especializadas em diferentes partes do tronco, incluindo uma ligação mecânica entre as costelas e a pélvis e os membros posteriores que suportam o corpo.

As barbatanas pélvicas dos peixes estão evolutivamente relacionadas com os membros posteriores dos tetrápodes. Os autores do estudo descobriram que a marcha se desenvolveu com a ajuda de uma pélvis maior, que fazia parte da coluna vertebral, para apoiar o corpo das novas forças resultantes da marcha em terra.

“O Tiktaalik é notável porque nos dá um vislumbre desta grande transição evolutiva”, explica Stewart. “Em todo o seu esqueleto, vemos uma combinação de traços típicos dos peixes e da vida na água, bem como traços que são vistos em animais terrestres”.

“A partir de estudos anteriores, sabíamos que a pélvis era grande e tínhamos a sensação de que as barbatanas posteriores também eram grandes, mas até agora não podíamos dizer se ou como a pélvis interagia com o esqueleto axial”, acrescenta Stewart.

“Esta reconstrução mostra, pela primeira vez, como tudo se encaixa - e dá-nos pistas sobre como o andar pode ter evoluído”, conclui o investigador.

Andamos então cá todos graças ao Tiktaalik - que, ao contrário do seu primo que espreitou terra firme e decidiu mesmo voltar para trás, se atreveu a dar os primeiros passos fora de água. Graças às suas boas costelas.

 

 

in ZAP

quinta-feira, abril 11, 2024

Mais uma notícia triste para os malucos da "terra jovem"...

Há fósseis marinhos no topo do Evereste (e não, não é culpa de uma grande inundação)

 

O monte Evereste, a montanha mais alta do Mundo

 

No topo do Monte Evereste, na cordilheira dos Himalaias, há fósseis de animais marinhos no calcário sedimentar. Mas como?

No cume da montanha mais alta do mundo existem fósseis de animais marinhos, mais concretamente no calcário sedimentar, conhecido como o Calcário de Qomolangma.

Segundo o IFL Science, depois de esta informação ter sido disseminada pela Internet, vários internautas ficaram intrigados com a questão: como teriam estes restos de criaturas do mar chegado ao topo da montanha?

Os fósseis são de criaturas do período Ordovícico, entre 488 milhões e 443 milhões de anos atrás, e incluem trilobites, braquiópodes, ostracodes e crinóides, todos organismos já extintos.

Vários utilizadores apontaram, no Facebook, que o mistério é explicado por uma grande inundação, mas não. A presença dos fósseis é resultado da dinâmica das placas tectónicas, na altura em que os Himalaias ainda não eram uma cordilheira.

Quase todas as rochas sedimentares são formadas pela erosão hídrica, que tritura os minerais ao longo de milhares ou milhões de anos, antes de serem compactados e transformados sob pressão em rochas sedimentares.

A rocha e a presença de antigas criaturas marinhas são um sinal de que o cume do Monte Evereste já esteve submerso e que algo aconteceu para que aquela rocha alcançasse os mais de oito mil metros de altura.

O Evereste e os Himalaias foram formados após uma colisão entre as placas continentais da Eurásia e da Índia, que chocaram há cerca de 40-50 milhões de anos.

A placa da Eurásia foi parcialmente amassada e curvada acima da placa indiana, mas, como ambas têm uma baixa densidade e alta flutuabilidade, nenhuma pôde entrar em subducção, isto é, nenhuma delas mergulhou sob o manto.

Isso fez com que a crosta continental engrossasse e criasse falhas devido às forças de compressão, elevando os Himalaias e o planalto tibetano.

Esta é a razão que explica a presença de fósseis marinhos na montanha.

O Monte Evereste é a montanha de maior altitude do nosso planeta, com o seu pico a posicionar-se a 8849 metros acima do nível do mar. Contudo, há outras montanhas a crescer a um ritmo mais elevado, o que significa que vão ultrapassar o Evereste mais tarde ou mais cedo.

Nanga Parbat, uma montanha localizada na parte paquistanesa da cordilheira dos Himalaias, é a que se encontra mais perto de o ultrapassar. Atualmente, tem 8126 metros de altitude e cresce a um ritmo de sete milímetros por ano.

As previsões indicam que se torne a montanha mais alta do mundo numa questão de um quarto de milhão de anos.

 

in ZAP

quarta-feira, abril 10, 2024

Teilhard de Chardin, o jesuíta que era teólogo, filósofo e paleontólogo, morreu há 69 anos...

   
Pierre Teilhard de Chardin (Orcines, 1 de maio de 1881 - Nova Iorque, 10 de abril de1955) foi um padre jesuíta, teólogo, filósofo e paleontólogo francês que tentou construir uma visão integradora entre ciência e teologia. Através de suas obras, legou para a sua posteridade uma filosofia que reconcilia a ciência do mundo material com as forças sagradas do divino e sua teologia. Disposto a desfazer o mal entendido entre a ciência e a religião, conseguiu ser mal visto pelos representantes de ambas. Muitos colegas cientistas negaram o valor científico da sua obra, acusando-a de vir carregada de um misticismo e de uma linguagem estranha à ciência. Do lado da Igreja Católica, por sua vez, foi proibido de lecionar, de publicar suas obras teológicas e submetido a um quase exílio na China.
"Aparentemente, a Terra Moderna nasceu de um movimento anti-religioso. O Homem bastando-se a si mesmo. A Razão substituindo-se à Crença. Nossa geração e as duas precedentes quase só ouviram falar de conflito entre Fé e Ciência. A tal ponto que pôde parecer, a certa altura, que esta era decididamente chamada a tomar o lugar daquela. Ora, à medida que a tensão se prolonga, é visivelmente sob uma forma muito diferente de equilíbrio – não eliminação, nem dualidade, mas síntese – que parece haver de se resolver o conflito."
Teilhard de CHARDIN- O Fenómeno Humano
  
Biografia
Nascido numa família profundamente católica, Chardin entrou para o noviciado da Companhia de Jesus em Aix-en-Provence no ano de 1899 e para o noviciado em 1900, em Laval. Era a época das reformas liberais de Waldeck-Rousseau, que retirara às universidades católicas o direito de conceder graus e posteriormente dissolveu as ordens religiosas e expulsou vinte mil religiosos da França. Por este motivo, teve que deixar a França e os seus estudos prosseguiram na ilha de Jersey, Inglaterra, onde fez filosofia e letras. Licenciou-se neste curso em 1902. Entre 1905 e 1908 foi professor de física e química no colégio jesuíta da Sagrada Família do Cairo, no Egito, onde teve oportunidade de continuar as suas pesquisas geológicas, iniciadas na Inglaterra. Os seus estudos de teologia foram retomados em Ore Place, de 1908 a 1912. Foi ordenado sacerdote em 1911.
Entre 1912 e 1914 estudou paleontologia no Museu de História Natural de Paris. Foi a sua porta de entrada na comunidade científica. Durante os seus estudos teve a oportunidade de visitar os sítios pré-históricos do noroeste da Espanha, entre eles, a Gruta de Altamira.
Durante a Primeira Guerra Mundial, foi carregador de maca dos feridos e depois capelão em diversas frentes de batalha.
Passada a Guerra, retomou os estudos em Paris, onde obteve o doutoramento, em 22 de março de 1922, na Universidade de Sorbonne, com a tese: Os mamíferos do Eocénico inferior francês e as suas jazidas. Em 1920 tornou-se professor de Geologia no Instituto Católico de Paris. O ambiente intelectual de Paris proporcionou-lhe encontros fecundos para o exercício intelectual. Costumava apresentar as suas ideias a plateias de jovens leigos, seminaristas e professores. Do ponto de vista teológico, já assumira as ideias evolucionistas e realizava uma síntese original entre a ciência e a fé cristã.
Em 1922, escreveu Nota sobre algumas representações históricas possíveis do pecado original, que gerou um dossiê pela Santa Sé, acusando-o de negar o dogma do pecado original. Teve que assinar um texto que exprimia este dogma do ponto de vista ortodoxo e foi obrigado a abandonar a cátedra em Paris e embarcar para Tianjin na China. Este facto marcará uma nova etapa da sua vida: o silêncio sobre temas eclesiais e teológicos que duraria o resto da sua vida. Foi-lhe permitido trabalhar em pesquisas científicas e as suas publicações deveriam ser cuidadosamente revistas.
Embora proibido de escrever sobre temas eclesiais e teológicos, os seus superiores imediatos estimularam as suas pesquisas e escritos, desde que a sua ortodoxia fosse assegurada por uma séria revisão, com a esperança de uma publicação posterior.
Em Pequim, realizou diversas expedições paleontológicas, e em 1929 participou da descoberta e estudo do sinantropo - o homem de Pequim. Também realizou pesquisas em diversos lugares do continente asiático, como o Turquestão, a Índia e a Birmânia.
Entre novembro de 1926 e março de 1927, estimulado pelo editor da coleção de espiritualidade Museum Lessianum, escreveu O Meio Divino a partir de suas notas de retiro. A obra foi submetida a dois censores romanos, que a consideraram aceitável. Ao ser submetida ao Imprimatur, o cónego encarregado submete a obra a teólogos romanos, que a consideraram suspeita pela originalidade. Apesar disto, cópias inéditas da obra passaram a circular, datilografadas e policopiadas.
Em Pequim, escreveu a sua obra prima: O Fenómeno Humano. Encaminhou a obra para Roma em 1940, que prometeu o exame por teólogos competentes. Várias revisões foram encaminhadas sem que o nihil obstat fosse concedido.
Em 1946 regressou a Paris. Os seus textos mimeografados continuavam a circular e as suas conferências lotavam os auditórios. Foi convidado a lecionar no Collège de France. Diante de ameaças de novas sanções pela Santa Sé, dirige-se a Roma em 1948. A visita foi inútil: foi proibido de ensinar no Colégio da França e a publicação do Fenómeno Humano não foi autorizada.
Entre 1949 e 1950 deu cursos na Sorbonne que geraram a obra O grupo zoológico humano. Em 1950 foi eleito membro da Academia de Ciências do Instituto de Paris.
Em 1950, foi promulgada a encíclica Humani Generis pelo papa Pio XII, que na opinião de Chardin, bombardeava as primeiras linhas de seu trabalho.
Em 1951, mudou-se para Nova York, a convite da Fundação Wenner-Gren, que patrocinou duas expedições científicas na África, para pesquisar sobre as origens do homem, sob a sua coordenação.
Teilhard de Chardin faleceu em 10 de abril de 1955, num domingo de Páscoa, em Nova York. No campo científico deixou uma obra vasta: cerca de quatrocentos trabalhos em vinte revistas científicas.
No campo filosófico, o seu pensamento pode ser editado por um comité internacional porque ele deixou os direitos de autor das suas obras para um colega, não para a sua ordem religiosa. No mesmo ano de sua morte, as Éditions du Seuil lançaram o primeiro volume das Ouevres de Teilhard de Chardin.
O Santo Ofício solicitou ao Arcebispo de Paris que detivesse a publicação das obras. Em 1957, um decreto deste mesmo órgão decidiu que estes livros fossem retirados das bibliotecas dos seminários e institutos religiosos, não fossem vendidos nas livrarias católicas e não fossem traduzidos. Este decreto não teve muita adesão. Cinco anos mais tarde, uma advertência foi publicada, solicitando aos padres, superiores de Institutos Religiosos, seminários, reitores das Universidades que protejam os espíritos, principalmente o dos jovens, contra os perigos da obra de Teilhard de Chardin e seus discípulos. Segundo esta advertência, "sem fazer nenhum juízo sobre o que se refere às ciências positivas, é bem manifesto que, no plano filosófico e teológico, estas obras regurgitam de ambiguidades tais e até de erros graves que ofendem a doutrina católica".
A sua obra continuou a ser editada, chegando ao décimo terceiro volume em 1976, pelas Éditions du Seuil e foi traduzida em diversos idiomas. O seu trabalho teve grande repercussão, gerando diversos estudos a cerca de sua obra até nos dias atuais.
Em 12 de maio de 1981, por ocasião da comemoração do centenário do seu nascimento, Chardin teve a sua obra reconhecida pela Igreja, através de uma carta enviada pelo cardeal Agostino Casaroli, secretário de Estado do Vaticano, ao reitor do Instituto Católico de Paris. A carta afirma:
Sem dúvida, o nosso tempo recordará, para além das dificuldades da conceção e das deficiências da expressão dessa audaciosa tentativa de síntese, o testemunho da vida unificada de um homem aferrado por Cristo nas profundezas do seu ser, e que teve a preocupação de honrar, ao mesmo tempo, a fé e a razão, respondendo quase que antecipadamente a João Paulo II: "Não tenham medo, abram, escancarem as portas a Cristo, os imensos campos da cultura, da civilização, do desenvolvimento.
As suas ideias foram sendo incorporadas ao discurso oficial da Igreja, como se depreende da mensagem do Papa Bento XVI por ocasião da Festa da Santíssima Trindade de 2009, dirigida aos fieis em Roma: "Em tudo o que existe, encontra-se impresso, em certo sentido, o "nome" da Santíssima Trindade, pois todo o ser, até as últimas partículas, é ser em relação, e deste modo se transluz o Deus-relação; transluz-se, em última instância, o Amor criador. Tudo procede do amor, tende ao amor e se move empurrado pelo amor, naturalmente, segundo diferentes níveis de consciência e de liberdade.""Utilizando uma analogia sugerida pela biologia, diríamos que o ser humano tem no próprio "genoma" um profundo selo da Trindade, do Deus-Amor". E ainda mais claro, no dia 24 de julho em Aosta, Itália, o Papa Bento XVI diz: "Nós mesmos, com todo o nosso ser, temos que ser adoração e sacrifício, restituir o nosso mundo a Deus e assim transformar o mundo. A função do sacerdócio é consagrar o mundo a fim de que se torne hóstia viva, para que o mundo se torne liturgia: que a liturgia não seja algo ao lado da realidade do mundo, mas que o próprio mundo se torne hóstia viva, se torne liturgia. É a grande visão que depois teve também Teilhard de Chardin: no final teremos uma verdadeira liturgia cósmica, onde o cosmos se torne hóstia viva."
  
O pensamento de Teilhard de Chardin
Como geopaleontólogo, Teilhard de Chardin estava familiarizado com as evidências geológicas e fósseis da evolução do planeta e da espécie humana. Como sacerdote cristão e católico, tinha consciência da necessidade de um metacristianismo que contribuísse para a sobrevivência do planeta e da humanidade sobre ele. No cerne da questão está a visão filosófica, teológica e mística de Teilhard de Chardin a respeito da evolução de todo o Universo, do caos primordial até o despertar da consciência humana sobre a Terra, estágio esse que, segundo ele, será seguido por uma Noogénese, a integração de todo o pensamento humano em uma única rede inteligente que acrescentará mais uma camada em volta da Terra: a Noosfera, que recobrirá todo o Biosfera Terrestre. A orientar todo esse processo, existe uma força que age a partir de dentro da matéria, que orienta a evolução em direção a um ponto de convergência: o Ponto Omega. Teilhard sustentava a ideia de um panenteísmo cósmico: a crença de que Deus e o Universo mantém uma criativa e dinâmica relação de progressiva evolução.
Como escritor, a sua obra-prima é O Fenómeno Humano, além de centenas de outros escritos sobre a condição humana. Como paleontólogo, esteve presente na descoberta do Homem de Pequim. Ainda que ele estivesse presente depois do descobrimento do homem de Piltdown, a evidência aponta o facto de que ele nunca perdeu prestígio com a falsificação de um suposto fóssil do homem de Piltdown. Sobre ele, Teilhard disse, em 1920: "anatomicamente as partes não cabem."

   

terça-feira, abril 09, 2024

Notícias interessantes para paleontólogos e exobiólogos...

Rover da NASA encontra possíveis sinais de fósseis em Marte

 

 

 

Ao assinalar o seu milésimo dia marciano no Planeta Vermelho, o rover Perseverance da NASA completou recentemente a sua exploração do antigo delta de um rio que contém evidências de um lago que encheu a cratera Jezero há milhares de milhões de anos.

Até à data, o cientista de seis rodas recolheu um total de 23 amostras, revelando a história geológica desta região de Marte.

Uma amostra chamada “Lefroy Bay” contém uma grande quantidade de grãos finos de sílica, um material conhecido por preservar fósseis antigos na Terra.

Outra, “Otis Peak“, contém uma quantidade significativa de fosfato, que está frequentemente associado à vida tal como a conhecemos.

Ambas as amostras são também ricas em carbonato, que pode preservar um registo das condições ambientais de quando a rocha se formou.

As descobertas foram partilhadas na terça-feira, 12 de dezembro, na reunião de outono da União Geofísica Americana, em São Francisco.

“Escolhemos a cratera Jezero como local de aterragem porque as imagens de órbita mostravam um delta – uma evidência clara de que um grande lago encheu a cratera”, disse Ken Farley investigador do Caltech e cientista do projeto Perseverance.

“Um lago é um ambiente potencialmente habitável e as rochas do delta são um ótimo ambiente para enterrar sinais de vida antiga como fósseis no registo geológico. Depois de uma exploração minuciosa, reunimos a história geológica da cratera, traçando a sua fase de lago e rio do princípio ao fim”, acrescenta Farley.

Jezero formou-se a partir do impacto de um asteroide há quase 4 mil milhões de anos. Após o pouso do Perseverance em fevereiro de 2021, a equipa da missão descobriu que o chão da cratera é feito de rocha ígnea formada a partir de magma subterrâneo ou de atividade vulcânica à superfície.

Desde então, encontraram arenito e lamito, sinalizando a chegada do primeiro rio à cratera centenas de milhões de anos mais tarde.

Por cima destas rochas encontram-se lamitos ricos em sal, indicando a presença de um lago pouco profundo que sofreu evaporação. A equipa pensa que o lago acabou por crescer até 35 quilómetros de diâmetro e 30 metros de profundidade.

Mais tarde, a água de fluxo rápido transportou pedras do exterior de Jezero, distribuindo-as no topo do delta e noutros pontos da cratera.

“Conseguimos ver um esboço geral destes capítulos da história de Jezero em imagens de órbita, mas foi necessário aproximarmo-nos com o Perseverance para compreender realmente a linha temporal em pormenor”, disse Libby Ives, pós-doutoranda no JPL da NASA no sul da Califórnia, que gere a missão.

 

Esta imagem da cratera Jezero de Marte é sobreposta com dados de minerais detetados a partir de órbita. A cor verde representa carbonatos – minerais que se formam em ambientes aquosos com condições que podem ser favoráveis à preservação de sinais de vida antiga. O Perseverance da NASA está atualmente a explorar a área verde acima do leque de Jezero (centro).

 

Amostras sedutoras

As amostras recolhidas pelo Perseverance têm o tamanho de um pedaço de giz de sala de aula e são armazenadas em tubos metálicos especiais como parte da campanha MSR (Mars Sample Return), um esforço conjunto da NASA e da ESA.

Trazer os tubos para a Terra permitiria aos cientistas estudar as amostras com equipamento de laboratório potente, demasiado grande para ser levado para Marte.

Para decidir quais as amostras a recolher, o Perseverance começa por usar uma ferramenta de abrasão para desgastar um pedaço de uma prospetiva rocha e depois estuda a química da rocha usando instrumentos científicos de precisão, incluindo o PIXL (Planetary Instrument for X-ray Lithochemistry), construído pelo JPL.

Num alvo a que a equipa chama “Bills Bay“, o PIXL detetou carbonatos – minerais que se formam em ambientes aquosos com condições que podem ser favoráveis à preservação de moléculas orgânicas (as moléculas orgânicas formam-se tanto por processos geológicos como por processos biológicos).

Estas rochas também tinham sílica em abundância, um material que é excelente para preservar moléculas orgânicas, incluindo as relacionadas com a vida.

Na Terra, esta sílica de grão fino é o que se encontra frequentemente num local que já foi arenoso“, disse Morgan Cable, investigador do JPL e investigador principal adjunto do PIXL. “É o tipo de ambiente onde, na Terra, os restos de vida antiga podem ser preservados e encontrados mais tarde”.

Os instrumentos do Perseverance são capazes de detetar tanto estruturas microscópicas, semelhantes a fósseis, como alterações químicas que podem ter sido deixadas por micróbios antigos, mas ainda não viram evidências de nenhuma delas.

Num outro alvo que o PIXL examinou, chamado “Ouzel Falls“, o instrumento detetou a presença de ferro associado a fosfato. O fosfato é um componente do ADN e das membranas celulares de toda a vida terrestre conhecida e faz parte de uma molécula que ajuda as células a transportar energia.

Depois de avaliar as descobertas do PIXL em cada uma destas manchas de abrasão, a equipa enviou comandos para o rover recolher amostras de rocha nas proximidades: “Lefroy Bay” foi recolhida junto a Bills Bay e “Otis Peak” em Ouzel Falls.

“Temos condições ideais para encontrar sinais de vida antiga, onde encontramos carbonatos e fosfatos, que apontam para um ambiente aquoso e habitável, bem como sílica, que é ótima para a preservação”, disse Cable.

 

 

O trabalho do Perseverance está, naturalmente, longe de estar terminado. A quarta campanha científica da missão vai explorar a margem da cratera Jezero, perto da entrada do desfiladeiro onde um rio inundou o fundo da cratera.

Foram detetados ricos depósitos de carbonato ao longo da margem, que se destaca nas imagens orbitais como um anel dentro de uma banheira.

 

in ZAP

quinta-feira, abril 04, 2024

Uma ciência chamada Paleontologia nasceu há 228 anos...

 
Jean Léopold Nicolas Frédéric, Baron Cuvier (Montbéliard, 23 August 1769 – Paris, 13 May 1832), known as Georges Cuvier, was a French naturalist and zoologist, sometimes referred to as the "founding father of paleontology". Cuvier was a major figure in natural sciences research in the early 19th century and was instrumental in establishing the fields of comparative anatomy and paleontology through his work in comparing living animals with fossils. 

  

 (...)

  

The Institut de France was founded in the same year, and he was elected a member of its Academy of Sciences. On 4 April 1796 he began to lecture at the École Centrale du Pantheon and, at the opening of the National Institute in April, he read his first paleontological paper, which subsequently was published in 1800 under the title Mémoires sur les espèces d'éléphants vivants et fossiles. In this paper, he analyzed skeletal remains of Indian and African elephants, as well as mammoth fossils, and a fossil skeleton known at that time as the 'Ohio animal'.

Cuvier's analysis established, for the first time, the fact that African and Indian elephants were different species and that mammoths were not the same species as either African or Indian elephants, so must be extinct. He further stated that the 'Ohio animal' represented a distinct and extinct species that was even more different from living elephants than mammoths were. Years later, in 1806, he would return to the 'Ohio animal' in another paper and give it the name, "mastodon".

In his second paper in 1796, he described and analyzed a large skeleton found in Paraguay, which he would name Megatherium. He concluded this skeleton represented yet another extinct animal and, by comparing its skull with living species of tree-dwelling sloths, that it was a kind of ground-dwelling giant sloth.

Together, these two 1796 papers were a seminal or landmark event, becoming a turning point in the history of paleontology, and in the development of comparative anatomy, as well. They also greatly enhanced Cuvier's personal reputation and they essentially ended what had been a long-running debate about the reality of extinction.

 

segunda-feira, abril 01, 2024

A Tectónica de Placas pode influenciar a Biosfera - diz esta notícia...

Há uma explosão de vida na Terra a cada 36 milhões de anos. Já sabemos porquê

 

As placas tectónicas da Terra

 

A pesquisa descobriu que o movimento das placas tectónicas também ocorre em ciclos de 36 milhões de anos, estando relacionado com o surgimento e extinção de várias espécies marinhas.

A vida marinha na Terra explode a cada 36 milhões de anos e um novo estudo publicado nos Proceedings of the National Academy of Sciences descobriu a razão para este fenómeno.

A pesquisa baseou-se numa análise profunda aos registos fósseis e geológicos que revelou que a mudança no nível das águas do mar ocorre em resposta ao ciclo de 36 milhões de anos de movimentos das placas tectónicas, explica o Science Alert.

Isto acaba por perturbar vários ecossistemas, o que faz com que muitas espécies sofram enquanto outras florescerem nos novos ecossistemas que surgem. Uma análise ao registo fóssil mostra que a biodiversidade não é uma constante e que, pelo contrário, varia dramaticamente em escalas de dezenas de milhões de anos, com o surgimento de novas espécies e a extinção de outras.

O que não se sabia até agora é o que causa estas mudanças e se há algum mecanismo que as provoca ou se cada evento é único e tem uma causa diferente.

Para responder a esta dúvida, a equipa fez uma grande análise a várias bases de dados geológicas dos últimos 250 milhões de anos e combinou os dados com simulações de computador e modelos criados pelo software de visualização tectónica GPlates.

O afastamento das placas tectónicas, que estica o fundo do mar, e a criação de zonas de subducção causam variações no nível do mar ao longo de períodos de tempo bastante prolongados.

As simulações notaram um ciclo de 36 milhões de anos na diversidade da vida marinha e descobriram uma correlação com o ciclo de movimentos das placas tectónicas.

 

in ZAP

domingo, março 31, 2024

Charles Doolittle Walcott, paleontólogo que descobriu os Xistos de Burgess, nasceu há 174 anos

       
Charles Doolittle Walcott (New York Mills, Condado de Oneida, Nova Iorque, 31 de março de 1850 - Washington, DC, 9 de fevereiro de 1927) foi um paleontólogo dos Estados Unidos, especialista em invertebrados.
É sobretudo conhecido pela descoberta dos Xistos de Burgess, uma formação geológica na Colúmbia Britânica, Canadá, considerada uma das principais jazidas de fósseis do mundo, que contém grande número de fósseis do período Câmbrico médio extraordinariamente bem preservados, incluindo vários tipos de invertebrados e também os animais dos quais evoluíram os cordados, como o Pikaia, advindo daí a sua extrema importância na paleontologia.
Foi laureado com a medalha Wollaston pela Sociedade Geológica de Londres, em 1918.
     
Opabinia, um dos estranhos animais encontrados nos Xistos de Burgess
  
in Wikipédia

Walcott Quarry
     
Os Xistos de Burgess são uma formação geológica na Colúmbia Britânica, Canadá, considerada uma das principais jazidas de fósseis do mundo. Contém grande número de fósseis do período Câmbrico médio extraordinariamente preservados, incluindo vários tipos de invertebrados e também os animais dos quais evoluíram os cordados, como o Pikaia, advindo daí a sua extrema importância na paleontologia.
 

quarta-feira, março 27, 2024

Mais novidades sobre os dinossáurios...

Unexpected Revelation in Evolution: Fossil Feathers Show Muscle Imprints on Dinosaur, Uncovered by Laser Imaging

 The study analysed more than 1,000 foѕѕіlѕ of flying feathered dinosaurs.

 

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Laser-stimulated fluorescence (LSF) image of the early Cretaceous beaked bird Confuciusornis, showing large shoulders that powered the wing upstroke

 

Palaeontologists have previously determined that flying dinosaurs – ancestors of today’s birds – must have used shoulder muscles to рoweг their wings’ upstrokes, and сһeѕt muscles to рoweг downstrokes. However, this was based only on existing bony fossil eⱱіdeпсe and comparison with living flying creatures.

Now, Chinese University of Hong Kong (CUHK) research has finally confirmed this by finding elusive soft tissues. The findings, which include the earliest soft anatomy profiles of flying dinosaurs, are published in ргoсeedіпɡѕ of the National Academy of Sciences (PNAS).

The study analysed more than 1,000 foѕѕіɩѕ of flying feathered dinosaurs that lived in the late Jurassic and early Cretaceous periods, found in north-eastern China.

 

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Using a Laser-Stimulated Fluorescence (LSF) technique, the researchers targeted the shoulder and сһeѕt regions of the fossilised animals to study preserved soft tissue fɩіɡһt anatomy. Combining this data with ѕkeɩetаɩ reconstructions, the team validated the understanding of how the first birds took fɩіɡһt as paravian dinosaurs.

“We have a good understanding of how living birds fly, but we know much less about how early fossil birds and their closest relatives flew since their soft tissues are rarely preserved,” says lead author Michael Pittman, an assistant professor at CUHK. “By using LSF imaging, my team can now see these elusive soft tissues that were only suggested previously by fossil bones.”

“The LSF data validated the ancestral fɩіɡһt condition of flying dinosaurs, where shoulder muscles powered the wing upstroke and сһeѕt muscles powered the wing downstroke, moving the field closer to accurately reconstructing early fɩіɡһt capability,” Pittman adds.

Also included in the study was an early beaked bird, Confuciusornis which lived 125 million years ago. With their reconstruction, the scientists could tell that this ancient bird had a weakly-constructed сһeѕt and ѕtгoпɡ shoulders.

 

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“Our Confuciusornis reconstruction indicates the earliest eⱱіdeпсe of upstroke-enhanced fɩіɡһt, which is very exciting,” says joint-corresponding author Professor Xiaoli Wang from Linyi University in China’s Shandong Province.

Some early flying birds and dinosaurs are mіѕѕіпɡ a breastbone, or sternum. This ѕtгапɡe quirk of evolution has been a mystery in palaeontology.

“We used our LSF data to propose that a more weakly constructed сһeѕt in early birds like Anchiornis was behind their ɩасk of a breast bone,” says co-author Thomas G. Kaye from the Foundation for Scientific Advancement in Arizona. “They didn’t use their сһeѕt muscles enough for the sternum to be needed, so it was loѕt.”

 

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Many of the specimens displayed at the Shandong Tianyu Museum of Nature in Shandong Province. The museum is world-famous for its collection of feathered dinosaurs.

Museum Director and co-author Professor Xiaoting Zheng adds: “We are delighted that the team used data from more than 1,000 of our specimens to produce further ѕіɡпіfісапt advances in the study of flying dinosaurs. We look forward to sharing more exciting discoveries in the future.”

Scientists from Beijing’s Capital Normal University found 10 of the tiny insects in well-preserved downy feathers that — Jurassic Park-style — were trapped in plant resin some 100 million years ago.

While paleontologists had ѕᴜѕрeсted that parasites preyed on feathered dinosaurs in the Mesozoic eга, they had not been able to рɩᴜɡ an obvious gap in the fossil record.

Such small bugs are unlikely to create their own foѕѕіɩѕ, and when they do, they’re hard to ѕрot.

The Beijing team had looked through some 1,000 pieces of amber over a period of roughly five years. They noticed the lice in only two of the samples.

 

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The insects, roughly twice the width of a human hair, are somewhat different from today’s lice, with less sophisticated mouthparts.

“They look a Ьіt weігd, but they definitely have louse-y features,” Allen told Science.

It’s thought that the lice probably didn’t Ьіte their һoѕt’s skin and so wouldn’t have itched, but dаmаɡe to feathers could have bothered the dinosaurs.

“Now we know that feathered dinosaurs not only had feathers, they also had parasites - and they most likely had wауѕ they tried to ɡet rid of them,” Allen said.

 

in 2000 Daily

domingo, março 24, 2024

Mais fósseis estranhos encontrados no Canadá...

Árvores “alienígenas” fossilizadas descobertas no Canadá são algo como nunca se viu

 

 

Ilustração de uma Sanfordiacaulis densifolia

 

Uma equipa de investigadores desenterrou no nordeste do Canadá árvores fossilizadas com 350 milhões de anos que têm uma estranha semelhança com algo saído de um livro do Dr. Seuss.

Denominadas Sanfordiacaulis densifolia, estas árvores antigas representam algumas das mais antigas espécies de árvores conhecidas, datando do início do período Carbonífero.

Ao contrário das árvores modernas, a Sanfordiacaulis tinha um aspeto único e alienígena, com uma densa copa de folhas que se estendia até mais de cinco metros à volta de um tronco esguio que media apenas 15 centímetros de diâmetro.

A descoberta foi detalhada num estudo publicado recentemente na revista Current Biology. O autor principal, o paleontólogo Robert Gastaldo, descreve a Sanfordiacaulis como um espécime notável com uma arquitetura de crescimento diferente de tudo o que se vê nas árvores atuais.

Os fósseis foram preservados em camadas de arenito e siltito no local de um antigo lago em New Brunswick, no Canadá, que se formou quando um terramoto empurrou a folhagem para a água, imprimindo as árvores no leito do lago. Entre os cinco espécimes de árvores estudados, a Sanfordiacaulis emergiu como a mais completa, oferecendo informações sobre a sua morfologia e padrões de crescimento únicos.

O que distingue a Sanfordiacaulis, sublinha o Gizmodo, é a sua estratégia de crescimento otimizada. A grande copa da árvore, desproporcional ao seu tronco delgado, sugere uma adaptação para intercetar eficientemente a luz da vegetação circundante.

Cada árvore poderia abrigar aproximadamente 250 folhas, cada uma estendendo-se a quase dois metros do tronco, maximizando a sua capacidade fotossintética.

“A história da vida na terra consiste em plantas e animais que são diferentes de todos os que vivem atualmente”, diz Gastaldo. “Os mecanismos evolutivos que operam no passado profundo resultaram em organismos que viveram com sucesso durante longos períodos de tempo, mas as suas formas, arquiteturas de crescimento e histórias de vida seguiram trajetórias e estratégias diferentes.”

 

in ZAP

O paleontólogo Harry Whittington nasceu há 108 anos...

(imagem daqui)

      
Harry Blackmore Whittington (Birmingham, 24 de março de 1916 - Cambridge, 20 de junho de 2010) foi um paleontólogo britânico.
Professor no Departamento de Ciências da Terra, Cambridge, membro do Colégio Sidney Sussex. Frequentou a Escola Handsworth Grammar em Birmingham, seguido por sua licenciatura e doutoramento em Geologia na Universidade de Cambridge, onde foi professor de 1966 a 1983 (continuando a publicar mesmo depois de reformado). Durante a sua carreira paleontológica, que abrange mais de sessenta anos, o Dr. Whittington conseguiu brilhantes resultados no estudo de fósseis de artrópodes do início da Era Paleozóica, com foco particular nas trilobites. Entre as suas principais realizações estão:
Entre os seus muitos prémios, recebeu o International Prize for Biology de 2001 e a Medalha Wollaston, também em 2001.
 
 Anomalocaris canadensis - espécie estudada por Whittington
 
   
Opabinia - género estudado por Whittington
       

terça-feira, março 12, 2024

William Buckland nasceu há duzentos e quarenta anos

     
William Buckland (Axminster, Devon, 12 de março de 1784 - 24 de agosto de 1856) foi um teólogo britânico que se tornou Deão de Westminster, geólogo e paleontólogo que fez a primeira recolha e descrição completa de um dinossauro nomeado megalossauro, no seu trabalho na caverna de Kirkdale comprovando um covil pré-histórico de hiena, e pelo qual foi premiado com a Medalha Copley, foi amplamente elogiado como um exemplo de como a análise científica detalhada pode ser usada para entender a história geológica pela reconstrução de eventos de tempo profundo. Foi um pioneiro no uso de fezes, restos fossilizados, pelo qual ele inseriu o termo coprólito, para reconstruir antigos eco-sistemas. Buckland foi o proponente da Teoria do Hiato, que interpretava o acontecimento Bíblico de Génesis se referindo a dois episódios da Criação separados por um período de duração, que surgiu no final do século XVIII e começo do século XIX com uma maneira de reconciliar os acontecimentos das escrituras com as descobertas geológicas que sugeria a terra muito antiga. No começo de sua carreira ele acreditou que tivesse encontrado evidência geológica do Dilúvio Bíblico, porém mais tarde convenceu-se que a Era do Gelo de Louis Agassiz era uma melhor explicação e desempenhou um importante papel na promoção da teoria na Grã Bretanha.
Foi laureado com a Medalha Copley, em 1822, e com a medalha Wollaston, concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1848.
   

segunda-feira, março 11, 2024

Mais um achado paleontológico importante na pensínsula ibérica...

Descoberto novo dinossauro gigante do Cretácico Inferior na Península Ibérica

 

O estudo foi liderado pelo paleontólogo português Pedro Mocho, investigador do Instituto Dom Luiz, polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e integra os projetos desenvolvidos no Grupo de Biología Evolutiva da Universidad Nacional de Educación a Distancia na região de Morella

 

Foi dado a conhecer, através de um novo estudo publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society a descoberta de um novo dinossáurio saurópode que viveu na Península Ibérica há 122 milhões de anos.

Esta nova espécie de dinossáurio, apelidada de Garumbatitan morellensis, foi descrita a partir de restos descobertos em Morella (Castelló, Espanha) por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis e permitiu ampliar a diversidade de dinossáurios conhecida num dos melhores registos fósseis do Cretácico Inferior da Europa.

Reconstrução do aspeto em vida de Garumbatitan morellensis (Créditos: Grup Guix)

 

O estudo foi liderado pelo paleontólogo português Pedro Mocho, investigador do Instituto Dom Luiz, polo da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e integra os projetos desenvolvidos no Grupo de Biología Evolutiva da Universidad Nacional de Educación a Distancia na região de Morella. 

Para além dos cientistas integrantes destes dois grupos, nesta publicação participam investigadores do Institut Català de Paleontologia, Grup Guix de Vila-real, Museo de Ciencias Naturales de València, Universitat Jaume I de Castelló, Universidad Autónoma de Madrid (Espanha) e do Natural History Museum of Los Angeles County (EUA).

Os depósitos sedimentares que afloram na região de Els Ports de Morella (Espanha) contêm um abundante registo de dinossáurios do Cretácico Inferior, com cerca de 122 milhões de anos.  

Em particular, alguns dos primeiros restos de dinossáurios encontrados em Espanha foram descobertos na região de Morella.

Nos últimos anos, foram encontrados numerosos fósseis de vertebrados mesozoicos nas proximidades desta localidade, alguns dos quais com enorme relevância, incluindo uma importante coleção de dinossáurios ornitópodes, entre os quais se destaca Morelladon beltrani, e dinossáurios saurópodes.

Os restos deste novo dinossáurio foram encontrados e escavados nos sedimentos que afloram na localidade de Morella nos anos de 2005 e 2008 na jazida de Sant Antoni de la Vespa. 

Nesta jazida foi reconhecida uma das maiores concentrações em restos de dinossáurios saurópodes do Cretácico Inferior europeu, e na qual foram identificados elementos de pelo menos quatro indivíduos, três dos quais pertencentes a esta nova espécie. Sant Antoni de la Vespa constitui assim uma das localidades chave para o estudo das faunas de dinossáurios de Espanha para este período.

“Um dos indivíduos encontrados destaca-se pelo seu grande tamanho, com vértebras de mais de um metro de largura, e um fémur que poderia alcançar dois metros de longitude; nesta jazida foram encontrados dois pés quase completos e articulados, que são particularmente raros no registo geológico” afirma Pedro Mocho.

Neste artigo é apresentada uma descrição detalhada dos restos fosseis encontrados em Sant Antoni de la Vespa, sendo identificado um conjunto de características anatómicas diferente de outros dinossáurios saurópodes. Garumbatitan carateriza-se pela morfologia singular do fémur (o osso superior da perna) e dos elementos que formam o pé.

O fémur apresenta uma morfologia similar aos fémures de saurópodes mais modernos do Cretácico Superior. Este estudo analisa ainda as relações de parentesco de Garumbatitan morellensis e de outros dinossáurios saurópodes do Cretácico Inferior da Península Ibérica.

Garumbatitan é um dos membros mais primitivos de um grupo de saurópodes denominados Somphospondyli, que corresponde a um dos grupos mais diversos e abundantes durante o Cretácico e que se extingue no final do Mesozoico.

Finalmente, este estudo coloca em evidência a enorme complexidade da história evolutiva dos saurópodes do Cretácico europeu, em particular, da Península Ibérica, com espécies aparentadas com linhagens presentes em Ásia e América do Norte, assim como alguns grupos aparentados com formas do continente africano.  

Estes resultados sugerem a existência de períodos de dispersão de faunas entre estes continentes. O futuro restauro de todos os materiais fósseis encontrados nesta jazida adicionará informação importante para compreender a evolução inicial deste grupo de saurópodes, que dominou as faunas de dinossáurios durante os últimos milhões de anos da era mesozoica.

O nome da nova espécie Garumbatitan morellensis contém uma dupla referência: Garumbatitan significa “o gigante da Garumba” pelo facto deste exemplar ter sido encontrado na base da Mola de la Garumba, um dos relevos mais altos da região de Els Ports.

O nome específico morellensis faz referência à localidade em que se situa a jazida. 

Os restos fósseis de Garumbatitan morellensis formam parte de uma das maiores coleções de vertebrados fósseis do Mesozoico Ibérico depositadas no Museu Temps de Dinosaures de Morella.

 

in RTP